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Sepedi, Ciapi e Universidade Aberta do Módulo promovem Roda de Conversa sobre Alzheimer
Sepedi, Ciapi e Universidade Aberta do Módulo promovem Roda de Conversa sobre Alzheimer
Para marcar o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, comemorado em 21 de setembro, a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Sepedi) em parceria com o Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência (Ciapi) e a Universidade Aberta promoveram uma roda de conversa sobre o assunto para o público idoso.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa de evolução lenta e progressiva que causa demência. Compromete múltiplas funções, como memória, linguagem, pensamento, compreensão, orientação, cálculo, aprendizado e julgamento.
O bate-papo ocorreu no Ciapi, no bairro Jardim Jaqueira, na quinta-feira (29), e foi conduzido pela médica especialista em Geriatria, Regina Gambaro, que tem 20 anos de atuação nessa especialidade no município.
De acordo com a geriatra, a doença inicia antes dos sintomas surgirem, porém, nem toda perda de memória é Alzheimer. “O Alzheimer é marcado pelo esquecimento dos fatos mais recentes. Normalmente, no início, a pessoa se recorda das lembranças antigas”, explicou.
São comuns os seguintes sintomas: perda de objetos em lugares inapropriados (ex.: óculos na geladeira ou pendurado no varal); dificuldade em completar tarefas, pois percebe que não consegue fazer corretamente; desorientação espacial ou temporal, quando não reconhece mais o lugar ou não tem noção do dia/mês em que está.
A doença também dificulta continuar uma conversa, pois a pessoa não consegue dar sequência, devido ao esquecimento; tem alucinações e começa a inventar histórias; alterações da percepção; distúrbio do sono, entre outros.
A médica alertou para que a família continue a estimular a pessoa com Alzheimer a realizar pequenas tarefas, pois o exercício da mente é muito importante. “Outro fator importante é não discutir ou desconfiar diante das alucinações, apenas tentar acalmar o familiar ou paciente”, destacou.
A especialista esclareceu perguntas do público sobre os sinais de alerta, as fases da doença, relação com quadros de depressão, bem como ressaltou a importância de uma avaliação criteriosa e atuação multidisciplinar na abordagem terapêutica.
Destacou que o momento ideal para informar a pessoa que está com a doença de Alzheimer é a fase inicial quando o paciente poderá ajudar no tratamento. Caso o familiar não se sinta à vontade para transmitir a informação, ela poderá ser realizada pelo médico.
Regina Gambaro respondeu também perguntas sobre o aspecto hereditário da doença, bem como se é possível saber com antecedência se irá desenvolver qualquer tipo de demência. “Para a doença de Alzheimer, assim como para várias outras, existe tendência, pré-disposição, mas nada é 100% condicionante e nem se pode prever como será a evolução da doença caso ocorra devido à influência de múltiplas variáveis, como qualidade da alimentação, realização de atividades físicas, cognitivas e participação social”, disse.
A doutora ainda ressaltou que não existe um exame de sangue para detectar a doença, mas que há marcadores que podem identificar alterações no organismo que dão indícios de possível desenvolvimento do Alzheimer.
Uma das participantes, Lea Marly Ramon, 77 anos, disse estar muito grata à Sepedi, ao Ciapi e à Universidade Aberta pela iniciativa. “A doutora Regina esclareceu muitas dúvidas sobre esquecimento. Sou muito ativa e tudo que vem para acrescentar coisas novas para mim, acho ótimo. Tenho muita gratidão por frequentar as atividades do Ciapi”, declarou.
Outra presente na roda de conversa foi Izabel Pestana Koga, 67 anos. “A palestra foi esclarecedora, fantástica, muito proveitosa para todos os idosos que participaram. A doutora Regina tem muito conhecimento sobre o assunto e todos que assistiram, saíram enriquecidos em conhecimento para ser multiplicado com amigos e familiares”, destacou.
Mãe e filha, Isabel Leal Goes, 88 anos, e Cristina Gomes Sopena Parra, 65 anos, também prestigiaram o encontro. “Pude esclarecer minhas dúvidas sobre os meus esquecimentos, as minhas atividades físicas e em relação à minha mãe, porque estou cuidando da minha mãe. Estou curtindo essa experiência nova e o Ciap tem me ajudado, porque a gente faz várias atividades aqui. Essa palestra de hoje foi muito importante, porque o Alzeheimer é um medo, é uma verdade, então, a doutora foi maravilhosa em tudo que nos trouxe”, disse Cristina.
Regina destacou ainda a importância de serviços como o Centro de Convivência do Ciapi, pois proporciona socialização, prática de atividades físicas e cognitivas.
“Para mim, enquanto mediadora da roda de conversa, foi um evento muito importante por vários aspectos: foi oportunizado às pessoas idosas a possibilidade de se manifestarem, de serem ouvidas e ao mesmo tempo foi relevante para mim, profissionalmente, escutar tantas reflexões incentivadas a partir do olhar dos participantes para com a doença. Com certeza, aprendi muito”, afirmou.
Sobre a doença de Alzheimer
A doença, descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Aloysius Alzheimer (1864-1915), se apresenta como demência ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família. É caracterizada pela piora progressiva dos sintomas, entretanto, muitos pacientes podem apresentar períodos de maior estabilidade. A evolução dos sintomas da Doença de Alzheimer pode ser dividida em três fases: leve, moderada e grave.
Na fase leve, podem ocorrer alterações como perda de memória recente, dificuldade para encontrar palavras, desorientação no tempo e no espaço, dificuldade para tomar decisões, perda de iniciativa e de motivação, sinais de depressão, agressividade, diminuição do interesse por atividades e passatempos.
Na fase moderada, são comuns dificuldades mais evidentes com atividades do dia a dia, com prejuízo de memória, como esquecimento de fatos importantes e de nomes de pessoas próximas; incapacidade de viver sozinho, incapacidade de cozinhar e de cuidar da casa, de fazer compras; dependência importante de outras pessoas, necessidade de ajuda com a higiene pessoal e autocuidados; maior dificuldade para falar e se expressar com clareza; alterações de comportamento (agressividade, irritabilidade, inquietação); ideias sem sentido (desconfiança, ciúmes) e alucinações (ver pessoas, ouvir vozes de pessoas que não estão presentes).
Na fase grave, observa-se prejuízo gravíssimo da memória, com incapacidade de registro de dados e muita dificuldade na recuperação de informações antigas como, reconhecimento de parentes, amigos, locais conhecidos; dificuldade para alimentar-se associada a prejuízos na deglutição; dificuldade de entender o que se passa a sua volta; dificuldade de orientar-se dentro de casa. Pode haver incontinência urinária e fecal e intensificação de comportamento inadequado. Há tendência de prejuízo motor, que interfere na capacidade de locomoção, sendo necessário auxílio para caminhar. Posteriormente, o paciente pode necessitar de cadeira de rodas ou ficar acamado.
No Brasil, existem mais de 1,2 milhão de pessoas com demência. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas. De acordo com estimativas da Alzheimer’s Disease International, os números poderão chegar a 74,7 milhões em 2030 e a 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população.
Apesar dos avanços das pesquisas, a doença de Alzheimer que ainda segue sem cura.
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