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Caraguatatuba realiza I Fórum Municipal da Pessoa em Situação de Rua do Litoral Norte
Caraguatatuba realiza I Fórum Municipal da Pessoa em Situação de Rua do Litoral Norte
A Prefeitura de Caraguatatuba por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania (Sedesc) reuniu mais de 200 pessoas no I Fórum Municipal da Pessoa em Situação de Rua, realizado nesta quinta-feira (17), no auditório da Fundacc (Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba). O tema do encontro foi “Conhecer para Entender: Políticas Públicas e as pessoas em Situação de Rua”.
A secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania, Mariana Cestari, também representando o prefeito Aguilar Junior, deu início aos trabalhos, agradecendo à equipe organizadora e reafirmando o compromisso da atual gestão em desenvolver políticas públicas que vão ao encontro dos anseios dos munícipes.
Em seguida, a psicóloga Patrícia Ianda, da empresa de consultoria sobre o Sistema Único de Assistência Social – SUAS Fácil, abordou o tema “A População de Rua e o SUAS”.
Ela chamou a atenção para a medida cautelar assinada pelo ministro do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes, no dia 25 de julho, deste ano, que dá um prazo de 120 dias, para que governo federal apresente um plano nacional para a população de rua.
Na mesma decisão, o ministro determinou que estados e municípios não podem realizar obras com arquitetura hostil contra a população de rua, recolher forçadamente os pertences pessoais e fazer a remoção compulsória das pessoas nas ruas.
“Essa situação piorou muito depois da pandemia. Muitas pessoas perderam trabalho, renda, saúde física e mental e romperam vínculos familiares. A demanda de trabalho para a assistência social dos estados e municípios cresceu demasiadamente. E a política de assistência social não é política fim, é meio. Por isso, não se faz política pública sozinha. A assistência social tem que ter o apoio das secretarias de Saúde, Educação, Habitação, entre outros setores”, apontou.
De acordo com a psicóloga, o primeiro ponto é entender como e porque o vínculo da pessoa em situação de rua foi fragilizado ou quebrado. Quanto mais dados e informações sobre o indivíduo e familiares, melhor para elaborar um plano de atuação com estratégias e soluções.
“Tanto o SUAS como o SUS (Sistema Único de Saúde) foram muito bem elaborados, assim como a ferramenta do CADÚnico (Cadasto Único – conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza). O que precisamos é unificar ideias e trabalhar em favor dos usuários. Todos os setores de um governo têm que se comunicar, realizar um enfrentamento conjunto. Temos que ser referência para essa pessoa em situação de rua para que ela possa reestabelecer sua autonomia e seus vínculos familiares”, avaliou.
Ianda acrescentou ainda que os profissionais que trabalham nos CRAS e CREAS (Centro de Referência de Assistência Social e Centro de Referência Especializado de Assistência Social) precisam conversar entre si e conhecer, abrangentemente, a realidade das pessoas que buscam atendimento e das abordadas em situação de rua. “Somente com informação podemos construir estratégias e conseguir resultados”, disse.
Após a palestra foi formada uma mesa de debate composta pelo vereador Jair Silva, representando a Câmara Municipal; o defensor público, Eduardo Fontes da Silva; o promotor do Ministério Público, Valério Moreira Santana; a coordenadora do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) de Caraguatatuba, Luciana Alves Schimitd; a secretária-adjunta de Saúde, Derci Andolfo; o presidente da Restitui – Comunidade Terapêutica, Evair Ribeiro; Alessandro Alberto Assunção, educador social da Restitui, em Ilhabela; e Danilo Cossani, educador social e orientador de medidas da Sedesc.
Cada representante apresentou sua instituição, responsabilidades e trabalhos desenvolvidos, responderam questionamentos da plateia e se colocaram à disposição para o enfrentamento da questão da população em situação de rua em Caraguatatuba, conjuntamente, inclusive com o empresariado local e instituições religiosas.
Na sequência, o educador social da Restitui de Ilhabela, Alessandro Alberto Assunção, 33 anos, prestou seu depoimento como ex-morador de rua e adicto.
O educador contou que aos 13 anos começou a usar álcool e drogas (maconha e cocaína) e que essa situação perdurou por 14 anos. Aos 27 anos, quando já estava em situação de rua, há um ano, percebeu que não estava dando conta sozinho de sair da situação.
“Sou de Sorocaba, mas vim parar em Caraguatatuba. E, conversando com uma pessoa que estava abrigado na Casa de Passagem, ela me despertou a vontade de ir para lá e ser encaminhado para tratamento. Fiquei esperando em um ponto determinado, na rua, a equipe de abordagem e fui acolhido. Lembro-me que recebi um primeiro abraço do motorista do veículo. Quando cheguei na Restitui, escutei a frase: “Hoje você é a pessoa mais importante para nós”. Decidi aderir ao tratamento que durou seis meses”, contou.
Encerrado o tratamento, Assunção participou de capacitações e há quatro anos é educador social na Restitui de Ilhabela. “Eu sou a prova viva de que é possível sair das ruas, do vício e encontrar um rumo na vida. A Restitui foi fundamental para que isso acontecesse. Mas cada pessoa tem que querer essa mudança”, afirmou.
Também prestigiaram o evento a diretora regional da Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (DRADS), Flávia Oliveira; secretária-adjunta de Desenvolvimento Social e Cidadania, Carmem Landin; Priscila Meyer, presidente do Conselho Municipal de Saúde; Cíntia Alves, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; Pedro Hirochi Toyota, presidente do Conselho de Segurança (Conseg), Cilmara Santos, presidente do Convive, secretários municipais e representantes das prefeituras de Ilhabela, São Sebastião e São José dos Campos.
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